sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carta

Dear “ex-daddy”

Hoje, eu e a mãe estivemos a conversar de como nós – eu e tu – éramos quando eu era mais nova.
A mãe contou-me que tu eras o meu preferido, que sempre que acontecia alguma coisa, era contigo que eu ia ter. Antes de dormir sozinha, costumava dormir deitada na tua barriga, era a única forma de adormecer. Penteavas-me todos os dias. Levavas-me ao café e ao infantário todos os dias. Muitas vezes, aos fins-de-semana levavas-me à pesca ou a passear os cães.
Há muitas memórias que ainda lembro, mas outras que apenas imagino. Lembro-me de quando fui contigo à pesca. O avô também foi. Eu estava com medo de ir para a água por causa dos peixes, então fiquei sentada numa rocha a olhar para vocês. Outra memória é de quando fui contigo treinar os cães. Tu levaste-me às cavalitas que era para não me magoar nas silvas e dizias-me para atirar pedras para as tocas dos coelhos. Lembro também, que eu queria sempre aquele bolo tipo croissant mas com duas cerejas. E lembro que me levavas sempre na mota e que eu não me costumava segurar. Íamos ao parque, ficávamos juntos a ver televisão.
A mãe disse também que eu sou a tua preferida, que tu nunca fazes isso com a Inês. Nunca a convidaste a ir contigo à pesca ou treinar os cães e sempre que ela pede dizes que a levas noutro dia. Eu sei que sou a tua preferida e que gostas muito de mim.
Dear ex-daddy, porque é que me abandonaste? 

Mariana Pereira

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