Lembro-me de estar apaixonada, isso sim,
mas dessa paixão me trazer vazio, ausência, esperas infrutíferas, isolamento,
tristeza, decepção. Ora, o que estou a viver com o Bom Rapaz é exactamente o
oposto de tudo isso e tão diferente daquilo a que o meu coração se habituou que
até fui outra vez à medica do mesmo para confirmar se estava tudo bem, a peça
no seu lugar e o meu músculo da vida a bombear de forma ordeira e generosa,
como é de sua essência e obrigação.
(...)
Isto tudo para te explicar que a
separação de sangues também se deu na minha vida real quando me apercebi de que
o passado estava arrumado no lugar onde deve estar sem infiltrações no presente
nem qualquer peso no futuro, de forma que a paixão e o amor que agora vivo não
têm nenhuma nuvem a pairar sobre a sua beleza. Vivo um amor todo claro sem
neblina nem geada, suave e seguro na ausência, violento e vulcânico na
presença, feito de corpo, alma, coração e sexo, de entrega, verdade e paixão,
de respeito e de entendimento, de riso e de admiração, de presente e de futuro,
projectado em casas ainda não vividas, sonhado em viagens a consumar, desenhado
a quatro mãos em sonhos e planos possíveis, vontades por descobrir e desejos a
realizar.
O lado bom de ter um coração novo é que
só entra lá para dentro quem tu queres. E como os fantasmas já se diluíram no
sangue e no tempo, aqui me encontro, entregue à felicidade, onde tudo é branco
como todas as cores e azul como o céu.
Vivo o céu na terra, sou uma mulher cheia
de sorte.
Margarida Rebelo Pinto, em A minha casa é o teu coração
Ohw merci!!
ResponderEliminarVou ser sincera: nunca me interessei muito por Margarida Rebelo Pinto, mas este excerto está fantástico! :)