segunda-feira, 21 de maio de 2012

A cor da felicidade


Lembro-me de estar apaixonada, isso sim, mas dessa paixão me trazer vazio, ausência, esperas infrutíferas, isolamento, tristeza, decepção. Ora, o que estou a viver com o Bom Rapaz é exactamente o oposto de tudo isso e tão diferente daquilo a que o meu coração se habituou que até fui outra vez à medica do mesmo para confirmar se estava tudo bem, a peça no seu lugar e o meu músculo da vida a bombear de forma ordeira e generosa, como é de sua essência e obrigação.
(...)
Isto tudo para te explicar que a separação de sangues também se deu na minha vida real quando me apercebi de que o passado estava arrumado no lugar onde deve estar sem infiltrações no presente nem qualquer peso no futuro, de forma que a paixão e o amor que agora vivo não têm nenhuma nuvem a pairar sobre a sua beleza. Vivo um amor todo claro sem neblina nem geada, suave e seguro na ausência, violento e vulcânico na presença, feito de corpo, alma, coração e sexo, de entrega, verdade e paixão, de respeito e de entendimento, de riso e de admiração, de presente e de futuro, projectado em casas ainda não vividas, sonhado em viagens a consumar, desenhado a quatro mãos em sonhos e planos possíveis, vontades por descobrir e desejos a realizar.
O lado bom de ter um coração novo é que só entra lá para dentro quem tu queres. E como os fantasmas já se diluíram no sangue e no tempo, aqui me encontro, entregue à felicidade, onde tudo é branco como todas as cores e azul como o céu.
Vivo o céu na terra, sou uma mulher cheia de sorte.

Margarida Rebelo Pinto, em A minha casa é o teu coração

1 comentário:

  1. Ohw merci!!
    Vou ser sincera: nunca me interessei muito por Margarida Rebelo Pinto, mas este excerto está fantástico! :)

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